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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Princípios Metodológicos da Geografia

O estudo da geografia deve obedecer às regras metodológicas dessa ciência. Os princípios científicos da Geografia que servem de base para sua pesquisa, ensino e estudo são:
1. PRINCIPIO DA EXTENSÃO: desenvolvido por Ratzel – localizar os fatos a serem estudados, mensuração ou medição do fato (área, tamanho) e quantificação dos fatos que requer intepletação de tabelas e gráficos. Esse princípio faz uso da interdisciplinaridade (cartografia, geodésia, estatística)
2. PRINCIPIO DA ANALOGIA – Ritter- necessidade de comparar os fatos para ver suas diferenças e semelhanças ;
3. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE – Humboldt – necessidade de estabelecer causas e consequências – uma geografia explicativa que procura estabelecer uma hierarquia entre causas e consequências dos fatos;
4. PRINCÍPIO DA CONEXIDADE – Brunhes – os fatos geográficos nunca ocorrem isoladamente – indica a necessidade de interligar os conhecimentos geográficos às ciências circunvisinhas (interdisciplinaridade – fundamental a geo moderna);
5. PRINCÍPIO DA ATIVIDADE – Brunhes – demonstra que os fatos geográficos estão em constante mutação e que seu entendimento depende de uma análise do passado para compreender o presente. – permite analisar as tendências de evolução dos fatos. Reconhecer o presente como um produto ou herança do passado e analisar as transformações ocorridas ao longo do tempo, constituem importantes bases da geografia moderna.

Disponível em:acienciageograficatoco.blogspot.com
Acesso em: 29/12/2010

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Fases do capitalismo

Definição
O capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos; decisões sobre oferta, demanda, preço, distribuição e investimentos não são feitos pelo governo, os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas e os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas.

Origens

Encontramos a origem do sistema capitalista na passagem da Idade Média para a Idade Moderna. Com o renascimento urbano e comercial dos séculos XIII e XIV, surgiu na Europa uma nova classe social: a burguesia. Esta nova classe social buscava o lucro através de atividades comerciais.

Neste contexto, surgem também os banqueiros e cambistas, cujos ganhos estavam relacionados ao dinheiro em circulação, numa economia que estava em pleno desenvolvimento. Historiadores e economistas identificam nesta burguesia, e também nos cambistas e banqueiros, ideais embrionários do sistema capitalista : lucro, acúmulo de riquezas, controle dos sistemas de produção e expansão dos negócios.
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Primeira Fase: Capitalismo Comercial ou Pré-Capitalismo

Este período estende-se do século XVI ao XVIII. Inicia-se com as Grandes Navegações e Expansões Marítimas Européias, fase em que a burguesia mercante começa a buscar riquezas em outras terras fora da Europa. Os comerciantes e a nobreza estavam a procura de ouro, prata, especiarias e matérias-primas não encontradas em solo europeu. Estes comerciantes, financiados por reis e nobres, ao chegarem à América, por exemplo, vão começar um ciclo de exploração, cujo objetivo principal era o enriquecimento e o acúmulo de capital. Neste contexto, podemos identificar as seguintes características capitalistas : busca do lucros, uso de mão-de-obra assalariada, moeda substituindo o sistema de trocas, relações bancárias, fortalecimento do poder da burguesia e desigualdades sociais. Foi a fase da política mercantilista.

Mercantilismo

Podemos definir o mercantilismo como sendo a política econômica adotada na Europa durante o Antigo Regime. Como já dissemos, o governo absolutista interferia muito na economia dos países. O objetivo principal destes governos era alcançar o máximo possível de desenvolvimento econômico, através do acúmulo de riquezas. Quanto maior a quantidade de riquezas dentro de um reino, maior seria seu prestígio, poder e respeito internacional.

Podemos citar como principais características do sistema econômico mercantilista :

Metalismo : o ouro e a prata eram metais que deixavam uma nação muito rica e poderosa, portanto os governantes faziam de tudo para acumular estes metais. Além do comércio externo, que trazia moedas para a economia interna do país, a exploração de territórios conquistados era incentivada neste período. Foi dentro deste contexto histórico, que a Espanha explorou toneladas de ouro das sociedades indígenas da América como, por exemplo, os maias, incas e astecas.

Industrialização : o governo estimulava o desenvolvimento de indústrias em seus territórios. Como o produto industrializado era mais caro do que matérias-primas ou gêneros agrícolas, exportar manufaturados era certeza de bons lucros.

Protecionismo Alfandegário : os reis criavam impostos e taxas para evitar ao máximo a entrada de produtos vindos do exterior. Era uma forma de estimular a indústria nacional e também evitar a saída de moedas para outros países.

Pacto Colonial : as colônias européias deveriam fazer comércio apenas com suas metrópoles. Era uma garantia de vender caro e comprar barato, obtendo ainda produtos não encontrados na Europa. Dentro deste contexto histórico ocorreu o ciclo econômico do açúcar no Brasil Colonial.

Balança Comercial Favorável: o esforço era para exportar mais do que importar, desta forma entraria mais moedas do que sairia, deixando o país em boa situação financeira.
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Segunda Fase: Capitalismo Industrial

No século XVIII, a Europa passa por uma mudança significativa no que se refere ao sistema de produção. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, fortalece o sistema capitalista e solidifica suas raízes na Europa e em outras regiões do mundo. A Revolução Industrial modificou o sistema de produção, pois colocou a máquina para fazer o trabalho que antes era realizado pelos artesãos. O dono da fábrica conseguiu, desta forma, aumentar sua margem de lucro, pois a produção acontecia com mais rapidez. Se por um lado esta mudança trouxe benefícios ( queda no preço das mercadorias), por outro a população perdeu muito. O desemprego, baixos salários, péssimas condições de trabalho, poluição do ar e rios e acidentes nas máquinas foram problemas enfrentados pelos trabalhadores deste período.

O lucro ficava com o empresário que pagava um salário baixo pela mão-de-obra dos operários. As indústrias, utilizando máquinas à vapor, espalharam-se rapidamente pelos quatro cantos da Europa. O capitalismo ganhava um novo formato.

Muitos países europeus, no século XIX, começaram a incluir a Ásia e a África dentro deste sistema. Estes dois continentes foram explorados pelos europeus, dentro de um contexto conhecido como neocolonialismo. As populações destes continentes, foram dominadas a força e tiveram suas matérias-primas e riquezas exploradas pelos europeus. Eram também forçados a trabalharem em jazidas de minérios e a consumirem os produtos industrializados das fábricas européias.
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Terceira Fase: Capitalismo Monopolista-Financeiro

Iniciada no século XX, esta fase vai ter no sistema bancário, nas grandes corporações financeiras e no mercado globalizado as molas mestras de desenvolvimento. Podemos dizer que este período está em pleno funcionamento até os dias de hoje.

Grande parte dos lucros e do capital em circulação no mundo passa pelo sistema financeiro. A globalização permitiu as grandes corporações produzirem seus produtos em diversas partes do mundo, buscando a redução de custos. Estas empresas, dentro de uma economia de mercado, vendem estes produtos para vários países, mantendo um comércio ativo de grandes proporções. Os sistemas informatizados possibilitam a circulação e transferência de valores em tempo quase real. Apesar das indústrias e do comercio continuarem a lucrar muito dentro deste sistema, podemos dizer que os sistemas bancário e financeiro são aqueles que mais lucram e acumulam capitais dentro deste contexto econômico atual.
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Quarta fase: Capitalismo Informacional

O conceito de Capitalismo informacional elege a tecnologia de informação como o paradigma das mudanças sociais que reestruturaram o modo de produção capitalista, a partir de 1980. Trata-se de uma teoria que observa a sociedade da virada do século XX para o século XXI, e assinala uma nova realidade de práticas sociais geradas pelas mudanças decorrentes da “revolução tecnológica concentrada nas tecnologias de informação”

Questões para reflexão

01-Comente sobre as origens do capitalismo.

02-Cite algumas características do Capitalismo Comercial (ou Pré-Capitalismo).

03-Explique o que foi o mercantilismo.

04-Cite e explique no mínimo duas das principais características do sistema econômico mercantilista.

05-Quais as modificações que a Revolução Industrial trouxe ao sistema capitalista.

06-Quais os problemas que a Revolução Industrial trouxe para a classe trabalhadora.

07-Quais as bases do Capitalismo Financeiro ou Monopolista?

08-Diga as mudanças provocadas pela globalização na fase do Capitalismo Financeiro ou Monopolista.

Referências bibliográficas
http://www.suapesquisa.com/capitalismo/ Acesso em: 27/12/2010
http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo Acesso em: 28/12/2010
http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo_informacional Acesso em: 14/01/2011

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Unidades Geoambientais do Ceará

Na evolução natural da paisagem, os elementos que compõem exercem, entre si, influências recíprocas, significando que a dinâmica existente em cada um deles é dependente de todos os demais. Eles se combinam e interagem de várias maneiras, permitindo a formação de cenários diferenciados, as Unidades Geoambientais.
A unidade geoambiental compreende uma unidade de paisagem que tem feições mais ou menos homogêneas, ocupando uma determinada porção da superfície terrestre, e revelando um conjunto de características físicas e bióticas próprias (sendo delimitadas e compreendidas de acordo com as características geológicas, geomorfológicas, climáticas, pedológicas, hidrográficas e formações vegetais, além das potencialidades naturais e limitações de uso).

UNIDADES GEOAMBIENTAIS COSTEIRAS
*Planícies Litorâneas - representam as feições de paisagem das faixas em contado ou próximas à beira-mar, constituídas por grandes proporções de sedimentos arenosos formando as praias e dunas, intercaladas por planícies fluviomarinhas quase sempre ocupadas por manguezais. Ocorrem sob condições climáticas subúmidas e semi-áridas, compostas por areias quartzosas e solos salinos dos manguezais. Destaca-se ainda a presença de falésias e lagoas intermitentes (lagoas interdunares). As planícies litorâneas representam áreas de ecossistemas instáveis, frágeis, em geral com fortes limitações para atividades agrícolas produtivas.

*Tabuleiros Pré-Litorâneos- referem-se às feições de paisagem das superfícies planas e suavemente onduladas, modeladas em sedimentos tércio- quartenários areno-argilosos e arenosos, revestidas por vegetação de caatinga arbóreo-arbustivo. Ocorrem sob condições climáticas semi-áridas e subumidas, e de solos Podzólicos Vermelho-amarelos e Areias quartzosas de baixa fertilidade natural. A hidrografia exibe cursos d`água intermitentes e subperenes e inúmeras lagoas perenes. Essas lagoas são alimentadas tanto por águas superficiais quanto, principalmente, por águas do lençol freático armazenado no interior dos depósitos sedimentares da Formação Barreiras. Devido à sua composição geológica (Formação Barreiras) e o relevo de fracos declives, essa unidade expressa um equilíbrio natural mais ou menos estável, considerando a sua ocupação racional com atividades agrícolas comerciais e de subsistência.


UNIDADES GEOAMBIENTAIS SERRANAS
Constituem as unidades de paisagem com altitudes variadas que aparecem contrastando com as superfícies aplainadas das depressões sertanejas. Representam as serras úmidas/subúmidas e semi-áridas, formadas de rochas do embasamento cristalino.
 Serras Úmidas são as mais altas (700 a 900m), beneficiadas por umidade elevada e temperaturas mais amenas. Isso ocorre principalmente nas vertentes voltadas para a leste (Barlavento) e nos topos, onde há também predominância de intemperismo químico, formação de solos profundos, vegetação natural de porte elevado (florestas), e hidrografia com presença de cursos d´ água de drenagem subperene. Nas partes voltadas para oeste (sotavento), as características ambientais revelam contrastes com a primeira: as chuvas são mais escassas, prevalece o intemperismo físico e formação de solos rasos com freqüência de afloramentos de rocha, desenvolve-se uma vegetação arbóreo/arbustivo (mata seca) e hidrografia formada por cursos d`água intermitentes.
 Serras semi-áridas ou serras secas de altitudes menores (400 a 700 m), com características ambientais semelhantes as vertentes de sotavento das serras úmidas, ou ainda com as depressões sertanejas. Predominam solos rasos e pouco profundos, vegetação de caatinga arbóreo/ arbustiva ou mata seca, além da hidrografia composta de cursos d´água intermitentes
UNIDADE GEOAMBIENTAIS PLANÁLTICAS
Abrangem os ambientes formados em áreas de superfícies planas tabulares ou em forma de cuesta, de constituição geológica sedimentar.
 Planaltos Sedimentares úmidos e subúmidos são representados pela Ibiapaba e Araripe, principalmente nas suas partes norte-orientais. A altitude condiciona umidade elevada, efeitos de chuvas orográficas, tornando as temperaturas mais amenas. Os solos são profundos, de baixa fertilidade natural, vegetação de floresta úmida, além de carrasco e cerradão, e hidrografia dotada de rios de escoamento subperene, presença de ressurgências (fontes de água), e cascatas que afloram e escoam na encostas.
 Planaltos sedimentares semi-áridos são representados pela porção sul da Ibiabapa e Chapada do Apodi. Embora possuam condições climáticas semi-áridas, verificam-se diferenciações entre essas duas unidades, em função das altitudes, os tipos das rochas sedimentares, além da vegetação e a posição geográfica. A parte correspondente à porção sul do planalto da Ibiabapa apresenta altitudes mais elevadas (600 a 900m), com predomínio de rochas areníticas, solos profundos areno-argilosos e arenosos, vegetação de carrasco e hidrografia com rios intermitentes.
Na chapada do Apodi, as altitudes são menores (100 a 200m), e sua características são a presença de cursos d´água intermitentes e de pouca freqüência, vegetação de caatinga e solos de alta fertilidade natural, formados a partir de rochas calcárias.

UNIDADES GEOAMBIENTAIS SERTANEJAS
Compõem o conjunto dos ambientes representado pelas depressões sertanejas desenvolvidas em rochas cristalinas sob forte influência de condições climáticas semi-áridas. Suas principais características se refletem pela predominância do intemperismo físico, elevada taxa de evaporação, formação de solos rasos e pouco profundos, às vezes salinos associados com terrenos pedregosos e afloramentos de rocha; vegetação de caatingas, com presença de cactáceas e outras espécies de plantas espinhosas; hidrografia com rios de drenagem intermitente, refletindo as condições climáticas e a inexistência de alimentação por água subterrânea.

UNIDADES GEOAMBIENTAIS FLUVIAIS
Representam ambientes de formação aluvial que surgem em unidades geoambientais maiores, exibindo cenários paisagísticos diferenciados. Suas características são: ambientes influenciados diretamente pela dinâmica das águas correntes (rios) que transportam e depositam sedimentos de diversos tamanhos e composição (argila, silte, areias e matéria orgânica), ao longo de suas margens. Possuem formação geológica recente (Quaternário), relevo plano, solos de alta fertilidade natural (aluviais), às vezes com inclusões de solos argilosos (vertissolos) ou ainda com solos de características salinas (planossolo solódico), vegetação de mata ribeirinha com carnaubal e formações herbáceas, ou ainda com penetração de vegetação de caatinga.
IMPORTANTE, Pense!!!!!
A metodologia, usada nas unidades geoambientais do Ceará é a mesma usada para os domínios morfoclimáticos do Brasil (Aziz Ab´saber), ou seja, as unidades geoambientais do Ceará também poderia ser chamado de domínios morfoclimáticos do Ceará, sem portanto perder seu significado. Quem iniciou esse trabalho no Ceará foi o Prof º Dr. Marcos nogueira de Souza (UECE),o qual foi aluno de Aziz Ab´saber. Outros nomes seguem essa linha de pesquisa como o Prof º Dr. Edson Vicente da Silva (Cacau), (UFC).

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
A conservação é atualmente definida como a utilização racional dos recursos naturais com o fim de se obter uma melhor qualidade de vida para o homem. A utilização racional implica em preocupação com as necessidades humanas atuais e futuras (isso, que é desenvolvimento sustentável?). Compreende às vezes, a não utilização de certos recursos naturais, se estes se tornam escassos e se sua preservação for importante para o equilíbrio do meio ambiente.
O Ceará apresenta uma grande biodiversidade. Para preservar este patrimônio natural, formado por paisagens de excepcional beleza paisagística e outros recursos de valor não biológico de fundamental importância para a vida, foram estabelecidas diversas áreas de proteção denominadas de Unidades de Conservação. Possuem 41 unidades no Ceará.
As Unidades de podem ser:
Unidades de Conservação de uso indireto: São as unidades onde não é permitida a exploração dos seus recursos naturais de forma direta. Fazem parte desse grupo os Parques Nacionais e Estaduais, as Reservas Biológicas, as Reservas Ecológicas, as Estações Ecológicas e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural. (28 unidades)
Unidades de conservação de uso direto: São as unidades onde é permitido determinados tipos de atividades e de exploração dos recursos naturais, desde que sejam utilizada técnicas de manejo adequadas. São as Floresta Nacionais, as Reservas Extrativistas, as Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e as Reservas Ecológicas Particulares. São em número de 13 unidades.

Este trabalho é de autoria de um professor da UECE

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Aula de campo em Lagoa Nova






No dia 31 de maio de 2010, os alunos da 2ª série "D" da EEM Francisca Moreira de Souza, sob orientação do professor Edivaldo Bessa, realizaram uma aula de campo na comunidade da Lagoa Nova. A aula foi mais uma atividade do Projeto Águas de Beberibe, que pretende fazer uma análise de algumas lagoas do município. Na ocasião, os alunos tiveram a oportunidade de conversar com o Sr. Celim comerciante nativo local, que explicou o uso e ocupação do local. "Pretendo ser o primeiro a construir uma pousada aqui", falou o comerciante. Os alunos ainda observaram os impactos ambientais visíveis no local, como o desmatamento, a ocupação desordenada, assoreamento, introdução de espécies exóticas de peixes e o lixo. Foi uma aula muito proveitosa.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Aula de campo em Lagoa Funda

No dia 27 de maio de 2010 os alunos da 2ª série A da EEM Francisca Moreira de Souza realizaram uma aula de campo na comunidade da Lagoa Funda. Na ocasião os alunos, sob orientação do professor de Geografia, Edivaldo Bessa, visitaram a lagoa, local de lazer para os moradores do lugar. Foram abservados aspectos como ocupação do ambiente, uso da lagoa, impactos ambientais etc. Os alunos tiveram a oportunidade de conversar com um morador local, conhecido como "Preá", que falou da importância da lagoa para a comunidade. Esta aula é das atividades do projeto "Aguas de Beberibe".

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Aula de campo na Lagoa do Uruaú


Nos dias 26 e 27 de maio de 2010, as turmas do 2º C e 2º B da EEM Francica Moreira de Souza, realizaram aulas de campo na APA da Lagoa do Uruaú, mais precisamente na comunidade do Cumbe, extremo leste da APA. Sob orientação do professor de Geografia, Edivaldo Bessa, os alunos observaram aspectos como características ambientais gerais, atividades econômicas locais, impactos ambientais na lagoa, ocupação das margens e estado de conservação. Foi recolhida uma amostra de água para análise de Ph, pelo professor Thiago Germano. Na quinta-feira (26/05/2010) a turma do 2ºB visitou um dos locais de produção de manzuás. Essa aula foi uma atividade do Projeto ÁGUAS DE BEBERIBE, que pretende fazer um levantamento a respeito das condições ambientais de algumas lagoas no Distrito de Sucatinga e observar a utilização desses ambientes pelas comunidades locais.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

BARRA DA SUCATINGA: NATUREZA E COMUNIDADE COMO POTENCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO SUSTENTÁVEL

RESUMO

O turismo contemporâneo é uma atividade que vem despertando interesse de diversos seguimentos científicos, em especial da Geografia, tendo já uma área na ciência geográfica própria para seu estudo, a Geografia do Turismo que estuda a localização espacial da atividade e seus impactos no meio ambiente natural e, também cultural. Essa atividade vem se desenvolvendo de uma forma muito rápida na costa cearense, principalmente no Litoral Leste, sendo uma atividade relevante nas políticas governamentais do Estado do Ceará. Mas observamos que o turismo não conseguiu ainda desenvolver socialmente as pequenas comunidades como é o caso da Barra da Sucatinga. O turismo deve ser desenvolvido de maneira alternativa, agregando valor às atividades tradicionais locais, em nosso caso temos como exemplo, a pesca e o artesanato. A prioridade para desenvolver a comunidade deve ser dada à valorização da cultura e preservação do meio ambiente natural, sendo que a fusão da iniciativa privada interna ou externa, com o poder público e a comunidade deve está subordinada aos interesses da população local, em um modelo de gestão participativa dos espaços turísticos.

INTRODUÇÃO

A importância do turismo no litoral cearense tem crescido de forma tão expressiva que vem dando a esta atividade lugar de destaque na política geoeconômica do estado, vislumbrando-se como umas das atividades mais promissoras deste novo milênio. Porém, o turismo causa impactos sócio-ambientais muitas vezes negativos, principalmente nas pequenas comunidades, como é o caso da do povoado da Praia da Barra da Sucatinga, na parte central do litoral do município de Beberibe, onde muitas as pessoas estão mudando seu modo de vida para satisfazer os anseios dos visitantes e turistas.
Alguns turistas, as vezes não zelam o local que visitam, não respeitam a cultura dos residentes e acabam por causar impactos negativos na população fixa.
Ressaltamos que o turismo praticado na Praia da Barra da Sucatinga também causa impactos positivos, pois esta atividade ajuda a aquecer a economia do lugar, principalmente nos finais de semanas, feriados importantes e nas férias, onde dezenas de turistas e visitantes freqüentam os bares, as barracas e as mercearias. No entanto, para que as divisas econômicas provenientes do turismo se torne em efetivo desenvolvimento local é necessário um planejamento comunitário com participação do poder público, afim de definir que tipo de produto turístico ofertar e como esse produto turístico poderia provocar o desenvolvimento local.
O desenvolvimento local é hoje uma realidade que merece muita atenção por parte dos cientistas, dos políticos e das populações, pois os resultados tem se demonstrados muito positivos na perspectiva de solucionar problemas e aquecer economias locais.
Nessa perspectiva o turismo, se praticado de forma sustentável, pode ser um aliado forte na busca pela melhoria da qualidade de vida das pessoas, preservação do meio ambiente e valorização da cultura local.
Destacamos que o presente trabalho faz uma abordagem geográfica do turismo na localidade em estudo, pois essa atividade tem demonstrado uma força muito grande na organização espacial dos locais, fato observado na Barra da Sucatinga, onde o turismo já vem modificando a fisionomia original, surgindo espaço seletivos para o turismo como pousadas e restaurantes.

1 BARRA DA SUCATINGA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A Barra da Sucatinga apresenta-se com muitos aspectos preservados que podem ser utilizados como potencial para atividade turística, tem uma boa via de acesso, um povo acolhedor, uma boa localização e um complexo geoambiental diversificado.

1.1 Retrato do lugar

Saindo da sede do município de Beberibe, via CE-40 em direção a leste, adentrando na sede do distrito de Sucatinga, percorrendo 5 Km por via asfaltada, chega-se à comunidade da Praia da Barra da Sucatinga. Essa localidade dista 20 Km da sede do município, tem uma população estimada de 843 habitantes (Colônia dos Pescadores Z-11, 2008) dividida em 227 domicílios (Secretaria da Saúde de Beberibe, 2008), ocupando uma área de um complexo fisiográfico muito rico, com variados elementos costeiros, na qual iremos analisar adiante.
Nesse contexto, essa comunidade cresce de forma natural sem um planejamento urbanístico adequado que leve em consideração as pessoas e o meio ambiente.
O turismo como alternativa de desenvolvimento local é pouco explorado, visto que a comunidade não dispõe de muitos equipamentos para esta finalidade, além de muitos residentes não se atentarem para o potencial do lugar. Entendemos aqui potencial turístico como a gama de unidades naturais, sociais e culturais que podem ser utilizados como atratividade turística.
A beleza paisagística da Praia da Barra da Sucatinga foi cenário no ano de 2000 do reality show No Limite, da Rede Globo de Televisão. Naquela ocasião o local foi chamado ficticiamente de Praia dos Anjos, onde nas noites de domingo, enquanto os participantes competiam, os telespectadores observavam uma paisagem natural, desenhada por lagoas, falésias, dunas, coqueirais, matas e um imenso mar azul.
Acreditava-se que a partir do sucesso do programa, o lugar despontasse como o novo núcleo turístico de Beberibe. Isso não aconteceu, pois não houve apoio governamental com relação a promoção do destino e capacitação profissional das pessoas do lugar, nem a comunidade estava preparada para tirar proveito do sucesso e da oportunidade repentinas.

1.2 Localização

A Praia da Barra da Sucatinga localiza-se na coordenada geográfica 4° 15' de latitude Sul e 38° 00’ longitude Oeste, no Litoral Leste do Estado do Ceará, mais precisamente no litoral do município de Beberibe. As praias limítrofes são a oeste a praia inabitada da Quixaba, a qual dispõe de uma beleza paisagística muito rica com lagoas, coqueirais, cajueirais, córregos, faixa praial preservada e um complexo dunar muito grande, na sua maioria com imensas dunas móveis. A próxima praia a oeste é a do Uruaú. Essa praia tem um núcleo urbano bastante desenvolvido se comparado com a Barra da Sucatinga. A Praia do Uruaú é bastante visada pela especulação imobiliária e pelos empreendimentos turísticos, além de ter uma grande quantidade de casas de veraneio. A comunidade que habita a praia do Uruaú, vem passando por um processo nítido de modificação na estrutura de suas atividades produtivas, sendo que muitas pessoas estão trabalhando em alguma atividade liga ao turismo como os “bugueiros”
A leste da localidade da Praia da Barra da Sucatinga, localiza-se a Praia do Ariós, que por ter um difícil acesso encontra-se bastante preservada, sendo que o pequeno núcleo de casas serve apenas como apoio aos pescadores da localidade de Lagoa de Dentro, porém contraditoriamente a esta preservação, existe uma casa de veraneio, ou seja, um empreendimento externo.

1.3 Aspectos físicos

A área de abrangência da comunidade da Barra da Sucatinga tem uma vegetação de praia com plantas halófilas em um ambiente instável, uma geomorfologia que apresenta destacadamente uma grande quantidade de dunas móveis em terrenos de neo-formação. O clima apresenta-se temperaturas amenas, consideradas boas para à pratica do turismo de sol e praia.

1.4 Economia Local

A economia local ainda é baseada na pesca artesanal embarcadas. Existem 37 embarcações cadastradas e 135 pescadores afiliados na associação da classe no lugar (Colônia de Pescadores Z-11, 2008). A pesca da lagosta ainda continua sendo uma importante fonte de renda, tanto para os pescadores, como para as pessoas que fazem as armadilhas para capturar o crustáceo. Essas armadilhas são chamadas de manzuás.
Ressaltamos que assim como em todo litoral cearense a pesca da lagosta na Praia da Barra da Sucatinga vem diminuindo de produção, obrigando os pescadores locais a procurarem outros “mares” para desenvolver essa atividade.
O pescado continua sendo uma importante fonte de subsistência. Peixes como Camurupim, Guaiuba, Bonito, Cioba e Guarajuba são exemplos da pesca nas águas territoriais da Praia da Barra da Sucatinga.
O artesanato é praticado de forma precária, pois não há valorização cultural desta atividade, nem pelos visitantes, nem pelos residentes. Sobre a desvalorização desta atividade Vieira (2006, p. 57) escreve que “o artesanato, assim como outras expressões culturais, passa por uma série crise de identidade existencial”.
A comunidade deve buscar meios para a recuperação, preservação e a dinamização econômica e cultural do artesanato, pois cada lugar deve valorizar suas atividades tradicionais, como forma de preservar a própria identidade histórica.
Preservar a fabricação artesanal local é preservar a expressão mais real da cultura do lugar. Uma vez preservado pelos moradores locais, o artesanato passa a ser valorizado pelos visitantes e conseqüentemente integra-se ao produto turístico, agregando-lhe valor.
Foi o que aconteceu em Morro Branco, onde as garrafas de areias coloridas produzidas pelos artesãos locais, retratando belas paisagens, se tornou símbolo do lugar, conhecido nacional e internacionalmente. Dificilmente um turista passa por Morro Branco e não leva como lembrança uma garrafa com areia colorida.
Por isso é importante a comunidade da Barra da Sucatinga dispor de meios para ajudar os artesãos a continuar a prática do artesanato de labirinto e de renda entre outras formas de artesanato.
O comércio praticado em pequenas mercearias, as chamadas bodegas, também está inserido na microeconomia local. As barracas e os bares, principalmente os que localizam-se de frente para a praia também fazem parte da microeconomia local, servindo como um suporte à prática do lazer dos residentes, moradores de localidades vizinhas e turistas.

2 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA BARRA DA SUCATINGA

A Barra da Sucatinga é constituída por uma rua principal, a mais próxima da praia e onde fica as sedes da colônia de pescadores e da associação de moradores, os principais bares e a maior estrutura feita exclusivamente para o turismo: a pousada No Limite.
O lugar é constituído também por um arruado chamado Caboré, a “Rua da Igreja”, onde se localiza a Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e o arruado chamado de Proafa, sobre a qual falaremos adiante.
Com relação ao uso e a ocupação do solo da Barra da Sucatinga, observamos quatro agentes:

2.1 Ocupação pela população fixa

A área litorânea de posse legal da marinha foi “colonizada” por “frentes pioneiras” de moradores em busca de tranqüilidade e “novos mares” para pescar. Com o tempo adquiriram a posse da terra que foi e continua sendo passada de geração para geração. Nesse contexto histórico a ocupação pela população local acontece de forma natural sem um planejamento urbanístico adequado, sendo que as casas vão sendo construídas perto de dunas, por exemplo. Novas ruas vão surgindo mata adentro, ou seja, novos espaços estão sendo territorializados sem a devida organização que garanta futuramente a tranqüilidade dos habitantes e a proteção ambiental tão necessária a sustentabilidade do lugar.

2.2 Ocupação pelas segundas residências

A segunda residência
é uma modalidade de alojamento para a população diferenciada em termos de poder de compra. Diferenciada pelo fato de poder possuir uma segunda residência para fins de semana, férias, e que é também uma alternativa de investimentos (Seabra apud Coriolano, 1998, p. 122).
Esse tipo de ocupação na Barra da Sucatinga procura as áreas mais próximas do mar, como a rua principal e a Rua da Proafa. Esse espaço foi doado por um proprietário local através de associação local para os pescadores e os filhos dos pescadores que não tinham residências próprias. A rua tem localização geográfica privilegiada, sendo que no quintal das casas que ficam voltados para a praia a vista é panorâmica para mar.
Por sua localização geoestratégica na fisionomia do local, as casas dos moradores dessa rua, na sua maioria família de pescadores é bastante visadas por pessoas de fora, interessadas em possuir uma segunda residência em uma praia bela e tranqüila.
Iludidos pelo dinheiro “fácil”, alguns moradores acabaram por vender suas casas e foram morar longe da praia.
Sobre o assunto Coriolano (1998, p.123) fala:
Nessa segunda ocupação, os terrenos e a própria natureza viraram mercadorias. Houve uma revalorização desses espaços em decorrência dos novos usos do lazer e do turismo. Assim os residentes foram e são levados a vender sua própria casa de morada.
Com a revalorização dos lotes, os espaços na Barra da Sucatinga vão ficando segregados, reflexo da segregação social existente praticamente em todo o litoral cearense.

2.3 Ocupação pelo turismo

Esse tipo de ocupação ainda é recente no local estudado, pois só agora os moradores estão descobrindo o potencial do lugar para a prática turística, principalmente o turismo de sol e praia na qual iremos analisar adiante.
Grupos financiadores de empreendimentos turísticos nacional e internacional vislumbram o lugar como um grande núcleo turístico. Um exemplo é construção da pousada No Limite.
Segundo a editora de turismo do Diário do Nordeste, Edgony Bezerra, em matéria sobre o turismo em Beberibe no dia 09 de outubro de 2007, dois grupos multinacionais pretendem instalar empreendimentos turístico na Barra da Sucatinga. Afirma que “o grupo espanhol Carrys pretende instalar um complexo turístico hoteleiro na Barra da Sucatinga, com resort, vivendas e campo de golf. A área é de 300 hectares, no local das filmagens do primeiro programa ‘No Limite’, da Rede Globo, batizada de Praia dos Anjos”. Na mesma matéria Edgony Bezerra afirma também que o grupo português Oásis tem três empreendimentos para se instalar nas praias de Morro Branco, Diogo e Barra da Sucatinga.
Esses megaprojetos mostram como a ocupação pelos empreendimentos turísticos e conseqüentemente pela atividade do turismo pode chegar de forma viril ao ponto de modificar completamente o contexto local. Sobre esses externos, Coriolano e Silva (2006, pp. 146 e 147) alertam:
Uma indústria multinacional, ou um resort, quando se aloca em um pequeno lugar, ou comunidade, emprega poucas pessoas do lugar, alegando falta de capacitação, sem assumir compromisso social com o lugar, sem capacitar seus moradores para o trabalho nessa empresa, pouco contribuindo com a região e com o lugar. Muitas vezes essas empresas estão liberadas de impostos por vários anos, pois recebem subsídios dos governos locais, ficam isentas de fiscalização ambiental ou de qualquer exigência que os façam assumir responsabilidade social em contrapartida aos impactos negativos causados.
Os financiadores desses empreendimentos, muitas vezes não procuram um diálogo com a população local, subjulgando-a, não respeitam suas expectativas, anseios e necessidades.
Outra forma de ocupação que tem como ponto motivador a atividade turística tem como agentes os moradores locais, que construíram bares e barracas à beira-mar, além de pequenas pousadas. Todos esses pequenos empreendimentos são suportes internos ao desenvolvimento desta atividade, mas precisam que estejam de acordo que as premissas do desenvolvimento local sustentável.

2.4 Ocupação pela especulação imobiliária

Esse tipo de ocupação não é observado de forma efetiva, porém no presente trabalho requer uma análise.
Extensas áreas com dunas móveis e fixas, matas nativas entre outras unidades naturais, localizadas próxima ao núcleo urbano da comunidade foram anexadas à possessão de grupos empresariais, estando à disposição da especulação imobiliária. Essa forma de ocupação já existe entre a Praia da Quixaba e Uruaú, praias próximas da Barra da Sucatinga.
A aquisição de terras para especulação imobiliária é facilitada pela falta de conhecimento de legislação por partes dos moradores das pequenas comunidades com é o caso do nosso objeto de estudo, e principalmente pela falta de fiscalização ambiental visando a preservação dos ambientes e das comunidades nativas.
Somente é possível controlar o fenômeno da especulação do solo em todo o litoral com uma política de planificação urbano-ambiental unida a uma rígida inspeção, a fim de que se cumpram as normas e as regulamentações para assegurar o respeito aos ambientes naturais e às culturas nativas, que servirão de base ao turismo (Coriolano, 1998, p. 147).
É muito necessário que a população local como tome consciência de seus direitos, e decidam o melhor caminho para administrar o solo da localidade, como aconteceu na Prainha do Canto Verde, onde por exigência popular local, foi criada no ano de 2009 uma Resex na área de abrangência da comunidade, “livrando” os moradores da “fome” da especulação imobiliária por terras.

3. BARRA DA SUCATINGA: DESENVOLVIMENTO, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

Neste capítulo abordaremos o significado de sustentabilidade, e como essa idéia pode ser empregada ao desenvolvimento turístico da Barra da Sucatinga.

3.1 O que turismo sustentável?

No propósito de analisarmos o potencial turístico da praia da Barra da Sucatinga e como esse potencial pode contribuir de forma eficaz no desenvolvimento local, observamos a importância de verificarmos o que vem a ser turismo, sustentável, seus caminhos, avanços e perspectivas.
Segundo Vieira (2006, p.105),
a partir dos limites mínimo e máximo das necessidades, o ser humano passa otimizar as formas de produção. Segundo essa ordem, a sustentabilidade nasce do aspecto social, passa pelo ambiental, para então definir o padrão econômico mais adequado para encontrar a segurança de vida das comunidades.
Portanto, na busca de uma comunidade sustentável o aspecto social e ambiental é mais relevante que o aspecto econômico.
A sustentabilidade do turismo está diretamente relacionada com o crescimento socioeconômico das comunidades, ao se integrar às atividades locais, dentro dos limites sociais e ambientais, evitando a saturação dos recursos da comunidade e o fim dos destinos turísticos (Vieira, 2006 p. 109).
Sendo assim para que o potencial turístico da comunidade “barrista” seja aproveitando de modo sustentável, a fim de se atingir o desenvolvimento local é necessário o fortalecimento sócio-cultural e a diversidade das atividades econômica.
O turismo deve ser visto como uma alternativa do desenvolvimento comunitário “barrista”, sendo que sua inserção na cadeia produtiva local depende da valorização das atividades tradicionais como a pesca em jangadas e botes e o artesanato. Essa valorização deve nascer a partir dos moradores do lugar.
Outro aspecto importante para se atingir a sustentabilidade turística é o respeito ao meio ambiente, às unidades naturais como a própria faixa de terra litorânea, as nascente de água doce, as matas ao redor da comunidade, as frágeis falésias, mar territorial etc. Os recursos naturais devem ser usados de forma responsável em prol da comunidade, pois podem ser considerados recursos turísticos. Sobre isso Vieira (2006, p.103) fala:
Conciliar alguns recursos naturais com a função de atrativos turísticos representa um grande desafio, mas é um caminho consistente. Além, disso, reconhecemos nessa atividade um potencial natural para ser uma das extensões das atividades econômicas e de lazer naquelas comunidades na iminência de serem convertidas em destinos exclusivos para turistas.
Ao continuar analisando a prática turística a mesma autora escreve:
assim, atividade como o turismo devem ser estruturados em função da cadeia produtiva organizada pela comunidade, de modo a construir uma vida digna para a população fixa. Com isso, contribuirão para favorecer a segurança local, proporcionando trabalho, renda e divisas, bem como a redução das desigualdades regionais (Vieira, 2006, p. 21).
Só existirá sustentabilidade turística se a comunidade adotar meios sustentáveis de convivência e de ação. Podemos citar algumas características importantes da comunidade da Praia da Barra da Sucatinga que podem ser associadas à ações sustentáveis como a união dos pescadores, que organizam-se na Colônia de Pescadores Z –XI, no total são 135 pescadores afiliados (Colônia de Pescadores Z – XI, 2008). Consideramos esse total de pescadores afiliados expressivo, a qual nos leva a acreditar que a pesca artesanal, atividade símbolo das comunidades litorâneas cearenses, continuará sendo praticada por muito tempo naquela praia.
Outra representatividade coletiva que atua na comunidade é a Associação Comunitária da Barra da Sucatinga – ASCOBAS. Essas duas entidades, expressa o potencial e a vocação que as pequenas comunidades tem para organizarem-se em prol do bem comum.
Essas duas entidades agem internamente através de reuniões e assembléias nas quais são discutidos os problemas detectados na comunidade e as soluções possíveis para tais. Também agem externamente, articulando-se com outras organizações, formando representações maiores, na qual trocam experiências, e lutam por interesses comuns. Portanto a capacidade de união da comunidade é o pré – requisito mais importante para garantir a prática do turismo sustentável.
Como exemplo importante tomamos a comunidade da Prainha do Canto Verde, no município de Beberibe a leste da Praia da Barra da Sucatinga, que através da união de seus moradores, que lutaram incessantemente contra a especulação imobiliária pela posse da terra, conquistando-a, tomaram as rédeas do próprio desenvolvimento, optaram pela exploração do turismo de forma alternativa, alicerçando-o na preservação ambiental e na valorização das expressões culturais do lugar. Isso demonstra preocupação em basear a atividade turística na qualidade de vida dos que habitam a comunidade, sobre isso Coriolano (1997, p. 145) discorre:
A principal atração turística de um lugar vem sendo cada vez mais, a qualidade de vida da população do lugar visitado. (...). Para um turismo de qualidade não basta o lugar oferecer infra-estrutura; implica também a qualidade de vida do lugar que vai das condições ambientais às condições políticas, sociais e culturais de seus habitantes.
O turismo não deve ser projetado como a principal atividade econômica de comunidades pesqueiras tradicionais como é o caso da Barra da Sucatinga, isso desaceleraria completamente as expressões culturais e as atividades econômicas tradicionais, além de causar efeitos degradadores ao ambiente natural.
O turismo deve ser repensado como uma forma alternativa de potencializar a utilização dos recursos naturais e sociais do lugar, de forma a não agredi-los, pelo contrário preservando-os. Em um lugar como a Barra da Sucatinga, rodeados de belezas naturais diversas, como dunas, falésias, matas, praia, sol, pequenas fontes de água doce, lagoas, córrego, mar etc, e habitado por pessoas que se preocupam em manter as expressões culturais vivas, o turismo deve vir acompanhado de um planejamento interno e políticos públicos que leve em consideração a opinião de seus habitantes.
A atividade turística praticada na comunidade em questão deve antes de qualquer coisa basear-se no bem-estar social dos residentes, partindo da premissa de que o que é bom para a população fixa é bom também para a população não fixa.

3.2 O turismo sustentável e como ele pode ser desenvolvido na Barra da Sucatinga

Na busca por uma sociedade mais justa, que respeite o meio ambiente natural e busque a qualidade de vida aos seres humanos surge a idéia de desenvolvimento sustentável.
Um desenvolvimento que se volte à escola humana, ao ambiente social harmônico e à preservação ambiental. Nesse propósito não cabe o individualismo, e sim o coletivismo, o bem comum.
Assim, a comunidade da Praia da Barra da Sucatinga deve buscar o fortalecimento das organizações comunitárias, bem como a preparação para lidar com os conflitos e a conscientização da importância da preservação, conservação e recuperação ambiental.
Um exemplo de degradação ambiental é os arredores da Rua da Proafa, na qual observamos locais que funcionam como deposito de lixo. Isso demonstra uma falta de conscientização ambiental, sendo que a comunhão da coleta de lixo passa semanalmente na comunidade. Também demonstra um comodismo por parte das pessoas, em não se mobilizarem para resolver o problema, ou seja, falta mudança de ação, pré-requisito para se atingir o desenvolvimento sustentável.
O desenvolvimento sustentável em escala de comunidade remete-nos ao conceito de desenvolvimento local, onde o bem estar da comunidade deve aparecer em primeiro lugar como a Barra da Sucatinga é uma comunidade do litoral, mais vulnerável às mudanças, fato que observamos na construção de empreendimentos externos à comunidade, como pousada e segundas residências, é necessário um planejamento das atitudes ligadas ao turismo. “A abertura das comunidades litorâneas ao turismo é uma tendência natural e irreversível. Quando o turismo é planejado para gerar o desenvolvimento local, ganham as comunidades e ganham os turistas” (Coriolano 1997, p.56).
O turismo no Barra da Sucatinga encontra-se em fase inicial, não atraindo grandes fluxos de turistas como é o caso de Morro Branco e Praia das Fontes, núcleos turísticos de Beberibe conhecidos nacional e internacionalmente. É comum a presença de visitantes, principalmente aos domingos, que chegam pela manhã e vão embora à tarde, os chamados pejorativamente de farofeiros. Porém, no presente trabalho é considerado turistas, pois praticam dois elementos básicos para que haja o turismo: a viagem e o lazer, mesmo que por um dia. Além do mais, na idéia de desenvolvimento local e sustentável só acontece com o fortalecimento cultural da comunidade.

3.3 O potencial da Barra da Sucatinga para a prática do turismo de sol e praia

O turismo de sol e praia vem sendo praticado em todo litoral cearense, especialmente no Litoral Leste, na chamada Costa do Sol Nascente. Isso porque a região dispõe de maior infra-estrutura turística se comparada com o Litoral Oeste.
Na intenção de implantar uma infra-estrutura capaz de desenvolver o turismo no Litoral Leste, o Governo do Ceará direciona os recursos do PRODETUR-CE, para essa região, onde foram identificadas áreas especificas para investimentos. O PRODETUR-CE pretende dessa forma projetar o estado para a Região Nordeste e também para o mercado turístico nacional e até internacional.
Esse programa nos mostra a importância estratégica do litoral para desenvolver as regiões costeiras através do turismo de sol e praia.
No mundo todo fluxos de turistas cada vez maiores procuram as áreas de praias. Isso acontece pela valorização que a mídia tem dado à praia e pela beleza naturalmente dinâmica que essa região possui.
São diversos os ingredientes de atividade turística que a faixa litorânea cearense tem. O mais marcante é o sol, que reina em todas as estações do ano.
O litoral do município de Beberibe vem sendo explorado efetivamente através do turismo desde os anos 80. As praias de Morro Branco e Praia das Fontes foram os primeiros núcleos turísticos.
Ainda são os núcleos mais procurados. Abrigando 54 km dos 573 km da costa cearense, o que equivale quase 10% do litoral do estado, Beberibe dispõe de muitas belezas naturais em sua faixa litorânea.
A Praia da Barra da Sucatinga pode ser considerada uma síntese dos geossistemas litorâneas do município e também do estado. Em uma pequena área geográfica observamos a ocorrência de dunas fixas e moveis, falésias, mata costeira, pequenas fontes de água doce, faixa de areia com relativa preservação, coqueirais e um imenso mar, o Oceano Atlântico. A faixa praial aliada ao calor do sol com a temperatura média anual em torno de 28° C, podem ser considerados os fatores que mais atraem turistas e visitantes durante todo o ano, principalmente, nos meses de janeiro e julho, seguindo a tendência da demanda do município, como mostra o gráfico abaixo que percentualiza a demanda turística de Beberibe ano de 2007.
Gráfico 1

Fonte: Prefeitura Municipal de Beberibe, 2008
O banho de mar aliado ao banho de sol são os principais fatores da demanda turística pelo litoral.
“Se para os povos da Antiguidade o mar era tenebroso (...), na Modernidade descobre-se o prazer que o mar, os litorais e as praias podem proporcionar (Coriolano e Silva, 2006, p. 121).
Assim, a Praia da Barra da Sucatinga com uma faixa praia de certa forma larga, com espaço para atividades como o banho de sol e práticas recreativas pode ser considerada um local potencial para a prática do turismo de sol e praia.
As jangadas representam a símbolo máximo da originalidade que ainda resiste nas tradições da comunidade. São dezenas de embarcações (jangadas, botes, barcos) que embelezam a paisagem da praia, dando-lhe características de uma praia rústica, mas muito bonita.
De um lado a praia encontra-se com recifes e pedras esculpidas pela ação diária das ondas, além de uma faixa de falésias. do outro lado a praia revela uma paisagem formada por dunas.
Perto da praia encontram-se alguns bares e barracas que funcionam como ponto de apoio para as pessoas que estão tomando banho de mar e sol.
A prática do turismo de sol e praia enfrenta alguns problemas que precisam ser resolvidos através da união do poder e comunidade local. São eles:
O trânsito de veículos, que tira a tranqüilidade de banhistas que está a beira mar;
A falta de placas educativas, que conscientize os freqüentadores da praia para preservá-la;
O lixo causado tanto por pessoas de fora como os próprios residentes;
E a falta de profissionais salva-vidas para dar mais tranqüilidade aos banhistas.

É indispensável uma gestão integrada da população local, poder público e iniciativa privada para minimizar os impactos negativos que a atividade turística tem causado nas regiões praianas do município.
É notário o interesse da iniciativa privada pelas praias de Beberibe. São projetos, alguns já abandonados, de grandes empreendimentos. Alguns desses empreendimentos não respeitam a legislação, não levam em consideração os interesses da população local e acabam por não desenvolver. É o que está acontecendo na Praia das Fontes.
A implantação desses grandes empreendimentos sem as precauções necessárias para causar o verdadeiro desenvolvimento local é de certa forma “incentivada” pela ausência de um planejamento turístico integrado no município. Com relação ao planejamento do turismo, Rodrigues (1997, p. 100) fala que:
Diferentemente de outras atividades econômicas, o turismo deve orientar-se segundo critérios seguros de preservação e conservação, tanto no que se refere ao patrimônio natural, quanto ao cultural. Assim no planejamento do turismo além de respeitar-se a legislação ambiental, expressa pela política nacional do “meio ambiente”, é indispensável o conhecimento da instrução normativa que estabelece critérios para elaboração de estudos de impacto ambiental (EIA) e de relatórios de impacto ambiental (RIMA), (...) .

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

3.4 O potencial da Barra da Sucatinga para o ecoturismo

O ecoturismo é um dos ramos mais promissores da atividade turística. Pressupõe, além de contato e da contemplação da natureza, um envolvimento com as atividades culturais locais, bem como a apreciação dos usos e costumes do povo do lugar onde se desenvolve, sendo que este contato deve acima de tudo ser harmonioso, com respeito de ambas as partes: visitantes e visitados. Sobre essa modalidade de turismo, Rodrigues (1997, p. 98), discorre:
A mais recente modalidade de turismo, o ecoturismo – caracteriza-se por viagens para reservas naturais, relativamente pouco alterados e não contaminadas, com o objetivo específico de estudar, admirar e desfrutar da paisagem, da fauna e da flora, da mesma forma que pretende a integração dos viajantes com o entorno e em particular com as comunidades locais.
Nessa perspectiva em que fala Rodrigues, a Barra da Sucatinga reúne características propícias às práticas ecoturísticas: em seu entorno ainda exite e resiste um meio natural com áreas preservadas e conservadas, com uma beleza natural comparável a qualquer lugar do Brasil, os moradores locais, de todas as dificuldades, tenta preservar os costumes e as atividades culturais, estando de “braços abertos” à visitação.
É de grande importância observar o grau de consciência ambiental que os moradores da comunidade estudada e dos visitantes, pois, juntamente com as atividades ecoturísticas como caminhadas, passeio de barco e outros, deve haver o desenvolvimento de práticas de preservação ambiental. Essas práticas são premissas para se alcançar um desenvolvimento local sustentável. “É indispensável que o turismo e o ambiente sejam estudados estreitamente vinculados para assegurar a compatibilidade entre o desenvolvimento do turismo e a proteção do meio ambiente em seu aspecto físico, econômico, social e cultural” (Rodrigues, 1997, p.99). Reforçando o pensamento de Rodrigues, Souza em obra organizada por Vasconcelos, (1998, p.238), fala: “Todos os atores envolvidos nesse processo necessitam se integrar (…)”. O ponto fundamental dessa integração é o envolvimento das comunidades, pois o ecoturismo requer um esforço conjunto da população local e dos visitantes para preservar as áreas naturais e o patrimônio cultural da comunidade envolvida.
A integração deve alcançar um alto nível de participação dos atores envolvidos: comunidade local, visitantes, poder público e iniciativa privada (os dois últimos falaremos adiante), sendo que o modelo de administração mais compatível com o gerenciamento dos recursos materiais, imateriais e humanos destinados as práticas dos turismo de base local e especificamente do ecoturismo é a gestão participativa. Destacamos porém, através do pensamento de Coriolano e Silva (2005), o papel que a comunidade deve possuir nessa gestão:
(…) um novo conceito de administração turística, de comunidade turística, é reelaborado a partir da evolução do conceito de desenvolvimento sustentável, exigindo inclusão de todos no processo de produção, o qual nasceu do envolvimento das comunidades anfitriãs com turismo, mas dentro da preocupação premente de originar benefícios locais; uma gestão turística onde a comunidade atua desde a fase do planejamento, participando e auxiliando nas tomadas de decisões sobre que segmento de turismo deve ser desenvolvido no lugar, quais são suas necessidades e qual as expectativas dos residentes (Coriolano e Silva, 2005, p. 93).
No presente estudo de caso entendemos que é indiscutível o fortalecimento das associações de representações diversas dentro do núcleo comunitário: culturais, econômicas, sociais, religiosas e outras, como o grupo artístico e cultural Raio de Sol que organiza anualmente a apresentação de quadrilha junina e dos representantes religiosos que realiza também anualmente a encenação da Paixão de Cristo. Nestas duas manifestações locais, observamos a participação dos visitantes.
Não existe desenvolvimento local sem protagonismo local, independente da atividade desenvolvida. Portanto, o potencial para a prática do turismo ecológico na Barra da Sucatinga será aproveitado por completo quando os moradores assumirem os rumos da atividade, decidir quais as unidades ecológicas quais as atividades econômicas e culturais serão explorados.
As dunas, as fontes, a vegetação de tabuleiro, a praia, o mar, as falésias, o córrego, dentre outras unidades naturais, são atributos na qual dispõe a localidade do presente estudo para a exploração ecoturística. O jeito de ser dos moradores, com seus costumes, valores, hospitalidade, as atividades econômicas, religiosas, culturais como o artesanato, a festa da igreja, a presentação de quadrilha são atributos culturais que a comunidade local dispõe para a prática de um turismo alternativo numa perspectiva de alcançar um desenvolvimento local sustentável; no caso o ecoturismo.
O ecoturismo enquanto prática sócio-cultural com o objetivo de desenvolver comunidades pequenas como a Barra da Sucatinga, requer uma reflexão sobre seu caminho a ser seguido. “Refletir sobre o ecoturismo significa repensar a conservação de recursos naturais e seu valor patrimonial para as comunidades humanas” (Irving, org. Vasconcelos, 1997, p.295). As perguntas são: Que ecoturismo podemos e que ecoturismo podemos? O turismo ecológico deve acima de tudo respeitar a cultura local e preservar os recursos naturais que se apresentam frágeis frente ao poder de alteração que ação antrópica, principalmente em áreas litorâneas, possui.

4. O RELAÇÃO DA BARRA DA SUCATINGA COM O PODER PÚBLICO E COM A INICIATIVA PRIVADA

Em perspectiva de uma gestão participativa dos recursos turísticos disponíveis na Barra da Sucatinga, analisaremos neste capítulo o papel e a relação do poder público e da iniciativa privada com a comunidade estudada, antes observaremos como estes dois atores podem contribuir (ou atrapalhar) o desenvolvimento local sustentável.
Em uma macroanálise da atuação do poder público e da iniciativa privada, observamos que ambos são representantes do sistema econômico vigente, o modo de produção capitalista, sendo que os empreendimentos desenvolvidos visam atender os interesses do grande capital, suplantando os interesses das comunidades locais, que muitas vezes não estão organizadas o suficiente para lutar por seus direitos como foi o caso da comunidade de Balbino, no município de Cascavel, na qual desenvolvendo uma organização comunitária forte e consciente de seus direitos, em luta judicial contra os interesses econômicos de um grupo turístico externo, conseguiu transformar a localidade e seu entorno em uma área de preservação ambiental - APA, livre quase por completo dos interesses irracionais dos empreendimentos externos.
Ressaltamos que não estamos questionando a importância do poder público e da iniciativa privada para o desenvolvimento local, estamos questionando pois, a forma que esses entes do desenvolvimento tem agido em praticamente todo o litoral cearense.
A união dos setores público e privado, além das ONG’s e da comunidade é imprescindível para a efetivação da Barra da Sucatinga como um núcleo turístico, e na perspectiva de se estabelecer um desenvolvimento sustentável local de um planejamento participativo que não se resuma a projetos centralizados é de suma importância para o sucesso do núcleo.

4.1 O papel do poder público e o turismo na Barra da Sucatinga

Observamos que o poder público local não ver o turismo como uma atividade dotada de capacidades para o desenvolvimento da Barra da Sucatinga, pois o governo municipal não apresenta ações específicas para a atividade turística, disponibilizando uma infra-estrutura básica e insuficiente que mal dar para atender a população local. É necessário que o ente governamental local trabalhe em parceria com o ente governamental estadual na busca de ações e na realização de projetos efetivos que façam da atividade turística não só na Barra da Sucatinga, mas em todo o Ceará, uma atividade social, econômica e cultural capaz de inserir as pequenas comunidades na cadeia do desenvolvimento social pretendido.
“Segundo o Plano de Desenvolvimento Sustentável do Estado (1995), a estratégia do desenvolvimento do turismo está voltado para a intensificação de esforços entre os agentes públicos e privados, no sentido de dotar o estado de uma estrutura turística integrada e moderna, segundo uma nova concepção da atividade turística para o Ceará.
Essa concepção atribui o turismo as seguintes funções:
de atividade econômica estruturadora, situando-se em termos de potencialidades, no mesmo nível de prioridade governamental conferido à indústria convencional;
de atividade de forte impacto à base física do Estado, guardando íntima relação com as políticas de ordenamento urbano, de recursos hídricos, de transportes e primordialmente de meio ambiente;
de atividade de efeito multiplicador na economia estadual, justificando plenamente a alocação de recursos públicos para investimentos, em um postura de governo pioneira e indutora;
de atividade determinante do aumento do bem-estar social, já que é programada para proporcionar lazer e recreação para os diversos seguimentos da sociedade e resgatar o valor dos bens culturais específicos da população local e das várias regiões do Estado (Coriolano, 1998, p. 75).
Ignarra (2000, p. 125-126) relaciona o papel do poder público frente
à atividade turística, descrevendo as atividades que este ente pode desenvolver.
a) planejamento do fomento da atividade;
b) controle da qualidade do produto;
c) promoção institucional da destinação;
d) financiamento dos investimentos da iniciativa privada;
e) capacitação de recursos humanos;
f) controle do uso e da conservação do patrimônio turístico;
g) captação, tratamento e distribuição da informação turística;
h) implantação e manutenção da infra-estrutura básica;
i) prestação de serviços de segurança pública;
j) capitação de investidores privados para o setor;
l)desenvolvimento de campanhas de capacitação turística;
m) apoio ao desenvolvimento de atividades culturais locais, tais como artesanato, o folclore, a gastronomia típica etc;
n) implantação e manutenção de infra-estrutura turística voltada à população de baixa renda;
o) implantação e operação de sistemas estatísticos de acompanhamento mercadológicos.

4.2 A iniciativa privada e o turismo na Barra da Sucatinga

Quanto à iniciativa privada, no interesse de estabelecer projetos turísticos na área de abrangência da comunidade da Barra da Sucatinga, cabe:
respeitar a legislação ambiental vigente, não ocupando áreas de importância ecológica ou conservação natural, como as dunas e as falésias;
procurar causar o mínimo de impacto natural negativo nas áreas ocupadas legalmente, respeitando á risca os relatórios expedidos pelos órgãos competentes como o Ibama e a Semace;
colaborar com a comunidade local na preservação, conservação e recuperação de áreas naturais;
participar de projetos de desenvolvimento local sustentável, empreendendo ações como capacitações de pessoas e divulgação do núcleo turístico;
maximizar esforços juntamente com a comunidade para a preservação do seu patrimônio cultural e artístico;
apoiar as manifestações culturais que ajudam a comunidade possuir uma identidade própria;
colaborar com a profissionalização e a empregabilidade dos residentes.
Portanto para que o turismo se desenvolva de forma sustentável é necessário uma relação democrática entre o poder público, a iniciativa privada e a comunidade da Barra da Sucatinga, na perspectiva de se estabelecer ações efetivas que proporcionem à população local um bem-estar social.
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